18 de dez. de 2011


O corpo do ator e diretor Sérgio Britto foi enterrado às 10h55 deste domingo (18) no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária do Rio. O sepultamento aconteceu no mausoléu da família, onde já estão enterrados os corpos da mãe e do irmão do dramaturgo. 

Enterro Sérgio Britto (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)Sérgio morreu de insuficiência respiratória no sábado (17), no Hospital Copa D'Or, em Copacabana, onde estava internado desde o dia 14 de novembro com problemas cardíacos.

Atrizes relembram colega
Entre os presentes estavam as atrizes Nathália Timberg, Totia Meirelles e Sura Berditchevsk, além do diretor de teatro Gutti Praga, do grupo Nós no Morro, do Vidigal. Após o sepultamento, o sobrinho do dramaturgo, Paulo Brito, lembrou que, como ator, Sérgio Britto gostaria de uma salva de palmas. Os presentes o aplaudiram por cerca de 5 minutos.

A atriz Renata Sorah também foi ao local, mas chegou atrasada para o enterro. "Sérgio Britto ensinou tudo o que eu aprendi na profissão. Hoje somos órfãos de Sérgio Britto. Estreei com ele no Teatro dos Quatro com "Os veranistas". Ele foi meu mestre, meu diretor, meu colega em cena, meu amigo. Não podemos deixar ir embora essa energia que ele tinha sobre a vida, a cultura e a arte. Sérgio sempre foi um homem contemporâneo, que renovou a vida inteira. Temos que pegar o exemplo dele, não só no teatro, mas em todas as profissões", disse Renata Sorah.
Já a atriz Totia Meirelles disse que Britto é um exemplo. "Quero seguir os passos dele. No último programa que fizemos juntos, ele tinha um monólogo e, antes de cada apresentação, ele repassava todo texto", falou a atriz sobre a dedicação do colega de profissão.
"Estamos todos de luto. A coisa mais linda que ele deixou em vida foi o legado para as novas gerações", falou emocionada a atriz Nathália Timberg.
Velório na Alerj
O corpo do ator foi velado no sábado, na Assembleia Legislativa do Rio, no Centro da cidade. Familiares e colegas de profissão foram ao local prestar as últimas homenagens ao artista.

Os sobrinhos de Sérgio Britto, Paulo Britto e Marília Britto, revelaram que, apesar de ter lutado bravamente contra os problemas de saúde, o ator comentou na sexta (16) que iria desistir. "Ele só se entregou ontem. Ele me disse: 'Agora eu quero ir, não aguento mais'", comentou Marília Britto na tarde de sábado.
Para Marília, Britto foi a maior personalidade da cultura brasileira, pois desempenhava múltiplas funções. "Ele não era só ator: era também diretor, produtor, apresentador, escritor e chegou a receber um Prêmio Jabuti pela sua autobiografia", destacou Marília, acrescentando: "Temos uma responsabilidade muito grande de dar continuidade ao seu trabalho. Ele, com certeza, é o ator detentor do maior acervo cultural brasileiro".
A atriz Fernanda Montenegro também prestou suas homenagens ao ator na Alerj. “Não perdi um amigo. Perco o meu irmão. Fazíamos parte de uma família artística muito íntima e particular, formada por mim, Britto, Ítalo (Rossi), Fernando (Torres) e Nathália Timberg. Uma família de muitos trabalhos e convivío geral. Infelizmente só sobrou eu e Nathália”, disse a atriz durante a cerimônia na Alerj. 
Fernanda, que chegou ao local pouco antes das 16h, destacou que Britto era um homem extremamente generoso, honesto e de muita liderança. “Ele sempre liderava, mas não colonizava. Era uma pessoa excepcional, porque viveu uma grande vida, principalmente em um país como o nosso, carente de valores éticos e comportamentais”, comentou a atriz.
Mais homenagens
Outros atores e colegas de Britto também lamentaram a perda. Mais cedo, em entrevista por telefone à GloboNews, os atores Juca de Oliveira e Walmor Chagas, emocionados, comentaram o legado deixado pelo amigo. 

"Sérgio Brito foi a maior vocação do teatro brasileiro. Há pessoas que têm talento, mas não tem a paixão, o amor, a presença definitiva dele com relação ao teatro. Ele deixa uma obra impressionante. Um dos maiores atores dos últimos tempos", declarou Juca.
O apresentador Serginho Groisman, via Twitter, escreveu: "Morreu hoje o ator e diretor Sérgio Britto. O teatro, o cinema e a televisão agradecem seu talento."
Secretária de Cultura, Adriana Rattes, diz que tinha uma relação de grande admiração por Sérgio Britto, que foi seu professor na juventude.
"A imagem que fica de Sérgio Britto é de um homem de vivacidade, ironia e inteligência agudas. Ele não era somente uma grande pessoa, mas também um grande artista, um grande talento, um mestre. É uma grande perda para o Rio, que hoje também perdeu o carnavalesco Joãosinho Trinta. Este é o momento de reverenciá-los, lembrá-los. Eles eram dois patrimônios da cultura que fizeram do Rio o que ele é hoje", disse Adriana.
Foi também o criador do Grande Teatro Tupi e do Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro, acompanhado por Paulo Mamede, Mimina Roveda e José Ribeiro Neto.A carreira
Ator, diretor e empresário brasileiro, Britto dedicou a vida aos palcos desde 1945, quando participou de uma montagem da peça "Romeu e Julieta", no Teatro Universitário. Atuou e dirigiu mais de 130 peças. Trabalhou no grupo Teatro dos Doze, no Teatro de Arena, no Teatro Brasileiro de Comédia e fundou, ao lado de Ítalo Rossi, Gianni Ratto, Fernanda Montenegro e Fernando Torres, o Teatro dos Sete, no final dos anos 60.

Sérgio Britto é considerado um dos maiores nomes do teatro no Brasil e recebeu, durante sua carreira, os mais importantes prêmios de atuação e direção teatral. Ganhou três prêmios por suas direções em "Os Veranista", de Gorki; "Papa Highirte", de Vianinha, e "Rei Lear", de Shakespear – por ela recebeu o Prêmio Molière Especial. Já dirigiu algumas óperas, dentre elas "A Traviata" e "O Guarani".
Em 2010, lançou sua biografia - “O teatro e eu” - escrita por Luiz Felipe Reis, e publicada pela editora Tinta Negra. Em entrevista ao Jornal do Brasil, em maio de 2010, disse que o livro retrata a história de um ator que começou “de brincadeira”. Formado em medicina em 1948, ele revela que incialmente não encarava os palcos como uma possível profissão.
Neste ano, ele dividiu os palcos com Suely Franco na peça "Recordar é Viver", dirigida por Eduardo Tolentino, e com texto de Hélio Sussekind.

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