Em entrevista exclusiva a Breno Cunha, do NaTelinha, o apresentador de “A Fazenda”, Britto Jr., resolveu colocar a boca no trombone e não teve nenhum receio de tocar em assuntos que ninguém até agora falou.
Perguntado sobre as frequentes comparações do reality da Record com o “BBB”, ele foi direto: “A Fazenda é muito mais completa, paga prêmio bem maior, exige muito mais dos participantes, tem maior credibilidade e é muito mais rica em detalhes e situações”.
O comunicador da Record também decidiu quebrar o silêncio e falar pela primeira vez sobre a suposta proposta que teria recebido da emissora para voltar ao “Hoje em Dia”. “Creio que o problema do Hoje em Dia não tem a ver com os apresentadores. Acontece que todos os programas têm obrigação de se renovar. [...] Porque o público é exigente”, disparou Britto, depois de negar que tenha sido convidado a voltar ao matinal.
Confira agora na íntegra a entrevista:
NaTelinha – Como surgiu a proposta da Record para que você apresentasse “A Fazenda”?
Britto Jr. – A Record comprou o formato e me convidou para ser o âncora. O diretor artístico, na época era o Paulo Franco, foi ao camarim que eu ocupava no Hoje em Dia e me explicou todos os detalhes do projeto. Ficou acertado que eu ficaria com os dois programas. A emissora precisava de um apresentador com credibilidade e jogo de cintura e por este motivo estava me convidando. Aceitei na hora porque acredito que é necessário fazer coisas novas e ousadas e também porque o gênero reality show é a porta de entrada para a TV do futuro. Não é à-toa que milhões de pessoas gostam, acompanham e que a maioria das emissoras plantam algum tipo ou vários tipos de realities na sua programação.
NT – Foi difícil sair do “Hoje em Dia” e ter que dar adeus ao jornalismo?
BJ – A minha saída do Hoje em Dia aconteceu porque a segunda temporada da Fazenda foi logo depois da primeira e não daria tempo para eu retornar ao Hoje em Dia. Então houve um consenso da direção da emissora de que a minha imagem deveria ficar atrelada A Fazenda, em função do enorme sucesso do reality e da minha identificação com ele. Acatei sem problemas, porque entendi que realmente correria o risco de uma superexposição caso acumulasse os dois programas. Agora, a mudança de rotina foi muito forte e levou um tempo para eu me acostumar com o novo raciocínio, ou seja, trocar o papel de âncora de revista eletrônica pelo de apresentador de um programa que é 100% entretenimento, mas eu precisava disso. Só que TV é um negócio muito dinâmico e um dia voltarei a apresentar revista eletrônica, porém eu precisava de uma adaptação e isso já aconteceu. Neste momento, estou empolgado com A Fazenda e já tenho experiência para conciliar reality com revista. Existem ideias, vamos ver…
NT – Como você lida com as comparações que surgem entre “A Fazenda” e “Big Brother Brasil”?
BJ – Mesmo os dois sendo realities de confinamento, um nada tem a ver com o outro. A Fazenda é muito mais completa, paga prêmio bem maior, exige muito mais dos participantes, tem maior credibilidade e é muito mais rica em detalhes e situações. Se é para comparar, é assim que eu vejo.
NT – Quais as novidades da próxima temporada do programa? Já pode revelar algumas coisas?
BJ - Teremos muita coisa nova, muita mesmo. Algumas situações serão inéditas e a nossa ideia é dificultar ainda mais a vida dos peões. Querem os R$ 2 milhões? Então terão que ralar muito. Eu só não posso contar o que é, porque este tipo de programa envolve jogo, provas, nomes de artistas. Tudo tem que ser feito com o máximo de sigilo para não prejudicar nem beneficiar os participantes .
NT – Você costuma acompanhar a audiência?
BJ - Audiência é como vírus. Se o apresentador ficar toda hora olhando para o monitor que mede audiência, não se concentra no seu trabalho. Eu não quero saber de audiência enquanto A Fazenda está no ar. Depois, sim. O meu diretor, Rodrigo Carelli, me conta e nós até hoje só tivemos índices para comemorar, graças a Deus.
NT – Recentemente surgiram notícias dando conta de que a Record estaria planejando levar ao “Hoje em Dia” sua formação original. Você recebeu alguma proposta da Record para voltar ao matinal?
BJ – Não, nenhuma, mas creio que o problema do Hoje em Dia não tem a ver com os apresentadores. Eles estão muito bem. Acontece que todos os programas têm obrigação de se renovar, amadurecer, porque o público é exigente. Num primeiro momento o telespectador se encanta, mas depois de um tempo ele vai se cansando. É uma questão de conteúdo, pautas, formato, novos quadros e não de apresentadores. Os que estão lá têm que ser respeitados, prestigiados e orientados, dirigidos. Apresentador também amadurece.
NT – Aceitaria voltar ao “Hoje em Dia”?
BJ – Depende da proposta do programa, da natureza das modificações, se o que se espera dele é possível de ser realizado, da estrutura, da equipe. Os programas de TV têm que amadurecer porque o público também amadurece. Agora, acima de tudo, o que conta mesmo é a necessidade e a disposição da emissora. Eu tenho ideias e projetos e já os ofereci. Na hora certa, vai emplacar e aí o assunto será outro.
NT – Quais seriam esses projetos?
BJ - Tenho um projeto grande, que eu e minha equipe (jornalistas, publicitários) formatamos e já foi apresentado. Agora é a vez da Record, são os diretores que decidem e nada começa nem termina sem a palavra deles. Mas o meu projeto é diferente de tudo o que está ai, e, ainda por cima, pode conviver e valorizar o programa que atualmente comando, no caso, A Fazenda.
NT – Quais são as diferenças do Britto Jr. de antes, há cinco anos, para esse Britto Jr. de hoje?
BJ - Estou mais equilibrado, mais estruturado e entendendo melhor a lógica das coisas na área do entretenimento. Tem muita vaidade em TV e a gente precisa saber se adaptar de forma suave. No jornalismo, tinha muita coisa que vinha de cima, de uma forma vertical, sem margem de discussão. Mandou, tem que fazer. No artístico, existem sutilezas, modos diferentes de lidar com as pessoas. Eu aprendi.
NT – Com “A Fazenda” chegando a sua quinta edição, qual a análise que você pode fazer sobre a evolução do programa ao longo desses anos?
BJ - Na primeira temporada estávamos trabalhando de acordo com o manual de instruções do formato. Na segunda e na terceira, todos da equipe foram encontrando o seu modo de trabalhar e na quarta temporada já estávamos realmente nos divertindo. Agora, na quinta temporada, chegou a hora de mexer na dinâmica, ousar mais, porém, sem comprometer a qualidade e principalmente a credibilidade do programa. Veja que todas as situações polêmicas até hoje foram muito bem resolvidas na Fazenda e assim tem que ser sempre. Reality tem que ser polêmico, mas não pode virar bagunça, caso de polícia. Quando isso ocorre, a credibilidade vai pra roça…
NT – Sente falta de estar numa bancada de telejornal?
BJ – Nenhuma. Telejornal, do jeito que ainda é feito no Brasil, parece piada. Tem que mudar completamente o formato dos telejornais. Está tudo muito repetitivo. Quando eu assisto telejornal, não aguento e fico adivinhando para a minha família: ó, agora ele vai dizer uma manchete e chamar o intervalo… agora a matéria vai começar com um personagem, agora eles vão dar os números do mercado financeiro… ah, na previsão do tempo é quando os âncoras se soltam… qual é a explicação para tanta chuva? O desafio para os new journalists é como fazer tudo diferente. Quem sabe?
NATELINHA
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