Equipes de resgate retiraram quatro corpos que estavam sob os escombros dos três prédios antigos que desabaram no centro do Rio de Janeiro, e os bombeiros seguem em busca de 22 desaparecidos, informou o prefeito da cidade, Eduardo Paes, nesta quinta-feira.
Entre os desaparecidos estão quatro moradores de rua que ficavam perto do local do desastre, ocorrido na noite de quarta-feira. As buscas não têm prazo para terminar, embora as chances de se encontrar sobreviventes tenham diminuído, segundo uma fonte do Corpo de Bombeiros.
"Vamos trabalhar com calma e tranquilidade pelo tempo que o Corpo de Bombeiros exigir para o desfecho de suas ações", disse Paes em entrevista coletiva, acrescentando que já foram retirados mais de 15 mil toneladas de entulho, o equivalente a 25 por cento do total estimado no local.
Seis pessoas foram resgatadas com ferimentos e levadas a dois hospitais da cidade, informou a Secretaria Municipal de Assistência Social, que presta atendimento aos familiares das vítimas.
Máquinas retro-escavadeiras, cães farejadores e equipamentos hidráulicos ajudam os bombeiros nas buscas. No total, são mais de 400 pessoas trabalhando nas operações.
Passadas 24 horas, fica cada vez mais difícil encontrar sobreviventes, já que "entramos numa fase crítica" das operações de resgate, disse uma fonte do Corpo dos Bombeiros à Reuters.
"Diminuiu substancialmente a expectativa e a esperança de se encontrar sobreviventes. A esperança era encontrar pessoas que ficaram em bolsas de ar sob os escombros. Conforme o tempo vai passando, o escombro é mexido e remexido, e as pessoas não são encontradas, perde-se então a esperança de se encontrar sobreviventes", disse a fonte.
As causas do acidente ainda estão sendo apuradas, mas o prefeito falou na possibilidade de dano causado à estrutura do prédio, tese considerada a mais provável por especialistas ouvidos pela Reuters.
"Não há resposta definitiva para o que aconteceu, mas a probabilidade de ser uma explosão é quase igual a zero. Provavelmente foi dano na estrutura e várias hipóteses estão sendo estudadas. Mas não é normal que três prédios desmoronem no centro", disse ele.
Os desabamentos ocorreram pouco antes das 20h30 de quarta-feira, horário de baixa circulação de pessoas no centro do Rio e de menor movimento nos prédios comerciais. Testemunhas disseram que o expediente já estava encerrado na grande maioria das empresas em funcionamento nos edifícios.
Os edifícios, que tinham 20, 10 e 4 andares, estavam localizados na rua 13 de Maio, ao lado do Theatro Municipal, um dos prédios históricos mais famosos da cidade e que foi restaurado recentemente. No térreo de um dos edifícios funcionava uma agência bancária.
Três associações instaladas em um dos prédios tiveram suas atividades paralisadas.
Foram afetados o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e a Associação Fluminense de Cogeração de Energia (COGEN Rio). O INEE e a ABVE afirmaram em suas páginas na Internet que as perdas foram somente materiais.
O edifício mais alto, que teria derrubado os outros dois ao desmoronar, passava por obras em dois andares sem registro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea).
"O 3o e 9o andares estavam com obras sem registro no Crea, não sabemos se estavam sendo feitas por um pedreiro leigo ou se tinha algum engenheiro civil", disse à Reuters o presidente da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio (Crea-RJ), Luiz Antonio Cosenza.
Testemunhas disseram que foi possível ouvir estalos nos edifícios antes do desabamento. Em seguida, rebocos começaram a cair na rua e depois os prédios vieram a baixo. Houve pânico, correria e desespero. Uma densa nuvem de poeira cobriu a região. Carros que estavam estacionados e pedestres ficaram cobertos de poeira e escombros.
"Parecia um terremoto. Primeiro caíram blocos de concreto do prédio. Começaram a cair vários e as pessoas começaram a correr. Depois caiu tudo de um vez", disse a jornalistas uma testemunha que se identificou apenas como Gilberto e que afirmou ter visto o desabamento.
Em Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff prestou solidariedade às vítimas do desastre e cancelou uma viagem ao Rio de Janeiro agendada para sexta-feira, na qual participaria de uma cerimônia ao lado do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes.
"(Eu queria me) solidarizar (com) a população do Rio de Janeiro, principalmente com as famílias daquelas pessoas que foram atingidas por essa catástrofe que foi a derrubada do edifício e depois os outros dois", afirmou a presidente durante evento.
INTERDIÇÕES
Ruas e avenidas perto do local foram interditadas e só devem ser liberadas na segunda-feira, segundo Paes. Prédios próximos também foram isolados e interditados pela Defesa Civil por precaução.
Uma das instituições afetadas pela interdição de prédios foi a Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa). A agência reguladora estadual localiza-se em um prédio que fica em frente aos que desabaram.
Com isso, os prazos regimentais das atividades da agência foram suspensos, segundo informou a entidade em sua página na Internet. A previsão é de que os trabalhos sejam retomados a partir da próxima segunda-feira, 30.
Um esquema especial de trânsito foi montado de madrugada para evitar maiores problemas no centro do Rio nesta quinta-feira, e o esquema será mantido na sexta.
"É importante dizer que nenhum dos prédios que desabaram tinha histórico de rachaduras ou de necessidade de vistoria", afirmou o prefeito.
Em outubro do ano passado, três pessoas morreram e 17 ficaram feridas após uma explosão provocada por vazamento de gás num restaurante na movimentada área da Praça Tiradentes, também no centro do Rio.
A explosão aconteceu por volta das 7h30 da manhã, enquanto o local ainda estava fechado para o público. Os mortos foram dois funcionários e uma pessoa que passava na rua no momento da explosão.
O desabamento de um outro prédio no centro do Rio, em 2002, matou duas pessoas que estavam hospedadas num hotel que funcionava no local. Autoridades disseram na época que o incidente foi provocado por uma demolição inadequada durante uma obra feita no térreo do edifício de cinco andares, onde funcionava um restaurante.
Em 1998, o edifício Palace 2, na Barra da Tijuca, desabou parcialmente causando a morte de oito pessoas. O edifício, que era novo e depois foi implodido, havia sido erguido pela construtora Sersan, do ex-deputado Sérgio Naya, e autoridades afirmaram que o desabamento ocorreu devido a uma má execução da obra -um erro estrutural de cálculo nas vigas de sustentação.
O Rio, que vai sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, está passando por uma série de reformas em diferentes pontos da cidade para preparar sua infraestrutura para os grandes eventos.
No entanto, problemas no transporte público, falta de energia, entre outros serviços, são recorrentes no dia a dia da cidade.
0 comentários:
Postar um comentário
Se você gostou deste artigo deixe um comentário!
Duvidas ou sugestões comentem aqui! =D
*Não insultar autor ou leitores da postagens
*Não pedir parceria por comentários
*Não publicar spam ou similar.