15 de fev. de 2012


Neymar Santos x The Strongest (Foto: EFE)
Na receita do Santos tricampeão da Libertadores, principalmente após Muricy Ramalho assumir o comando do time, a proposta de jogo era clara: um time seguro, que ganhava seus jogos na genialidade dos craques - quase sempre Neymar. Pois o Peixe que perdeu por 2 a 1 do The Strongest, da Bolívia, em La Paz, na estreia na competição sul-americana, fez exatamente o oposto disso: se expôs de forma absurda, criou inúmeras chances de gol, só fez um e acabou castigado no fim. Como diz Muricy, "a bola pune."

Curiosamente, o técnico santista corrigiu a postura equivocada logo após ver o time tomar esta atitude ainda na Libertadores do ano passado, em jogo contra o Colo-Colo, na "pilhada" vitória santista por 3 a 2, na Vila Belmiro.
Nesta quarta, na Bolívia, as possibilidades de gol para os dois lados foram tantas que, em dado momento, mais parecia uma partida amistosa, do que propriamente um jogo de profissionais. Principalmente no segundo tempo, os dois setores de meio-campo inexistiram, e o confronto virou um duelo entre ataques e defesas.
Para os torcedores que compareceram ao Estádio Hernando Siles, o espetáculo dentro de campo foi fantástico. Para as pretensões santistas de chegar ao tetra da Libertadores, a derrota foi um balde d'água fria, que evidenciou um time muito vulnerável e inseguro. O alerta foi ligado.
O próximo jogo do Santos na Libertadores é contra o Inter, dia 8 de março, às 19h30m (de Brasília), na Vila. Pelo Paulistão, o time enfrenta o Mirassol, sábado, às 18h30m, fora de casa, no estádio Municipal. Muricy, provavelmente, vai poupar os titulares.
Começo eletrizante
Os 45 minutos iniciais do Santos na Libertadores não poderiam ser mais eletrizantes. Toda a prometida correria do The Strongest, aproveitando a altitude de 3.660m acima do nível do mar, se confirmou. Mas não só com rapidez, como também com um jogo técnico e de inúmeras finalizações. Parecia regra para os bolivianos: abriu, bateu.
Desde o apito inicial até o último sopro do árbitro, o jogo seguiu em ritmo alucinante. Justamente o que o "Tigre" queria. Apesar de criar várias oportunidades, o Santos aceitou a condição do adversário e caiu na armadilha dos bolivianos. Em ambos os lados, todas as principais jogadas de ataque passavam pelos pés dos dois cérebros dos times: Paulo Henrique Ganso e Pablo Escobar. Não por acaso, os dois vestem a camisa 10 em seus respectivos times.
Sempre na canhota dos dois meias, a partida se desenvolvia. Tanto que antes de o Peixe abrir o placar, Escobar já havia ameaçado duas vezes. O The Srongest, porém, foi punido pela falta de pontaria. Novamente em jogada ensaiada da dupla de gênios do Santos, convocada para a Seleção Brasileira, saiu o gol, aos nove minutos. Ganso repetiu a jogada realizada contra Palmeiras e Botafogo-SP, achou a cabeça da joia, que escorou livre para bela defesa de Daniel Vaca. No rebote, Henrique não perdoou.
O tempo foi passando, e com ele as chances dos dois lados aumentaram. Em casa, o Tigre queria dar uma resposta para a torcida e tinha maior volume de jogo. Depois de muito martelar, a equipe chegou ao empate. E com justiça. Após Neymar perder ótima chance, em cruzamento de Borges, Soliz, sempre aberto pela direita, cruzou rasteiro. A bola percorreu toda a extensão da grande área até encontrar os pés do meia Cristaldo, que só completou para o gol: 1 a 1, aos 33. Antes do intervalo, ainda houve tempo para Neymar, em vão, fazer boa jogada e quase recolocar o Peixe na frente.
Jogo segue eletrizante, e Tigre vira no fim
A tônica do segundo tempo começou parecida com a do primeiro: correria dos dois lados e jogo aberto, com muitas chances de gol. Pablo Escobar, sempre ele, criou as melhores chances para o The Strongest, na maioria das vezes finalizando de fora da área. Usando o fator casa, o Tigre abusou das "tabelinhas" com os gândulas. Por duas vezes, a equipe criou lances de perigo após repor rapidamente a bola no campo, pegando a defesa do Peixe desprevenida.
Na segunda delas, Rafael vacilou. Daniel Vaca cobrou tiro de meta rápido e pegou a defesa santista toda aberta. A bola ganhou força e iria para as mãos do camisa 1, convocado para a Seleção. Ele tentou dominar no peito e perdeu. Parada aproveitou, mas foi derrubado pelo santista, que só levou amarelo.
O Alvinegro só voltou a ameaçar quando Muricy substituiu Ibson por Elano. O camisa 8 entrou muito bem e iniciou duas ótimas jogadas santistas. Na primeira, Neymar driblou o goleiro Vaca, tabelou com Ganso e finalizou, mas teve seu gol evitado por um zagueiro. Na segunda, novamente Neymar, recebendo passe primoroso de Ganso, o melhor do Peixe em campo, finalizou cruzado para fora.
Foi então que o meia teve a grande chance de se redimir da fase ruim e sacramentar a vitória, mas derpediçou. Neymar enfiou a bola do jogo para Elano que, com tempo para pensar, parar a bola e finalizar, carimbou o travessão.
A partida seguiu eletrizante até os momentos finais, provando o bom condicionamento físico do Santos. As chances continuaram a surgir. Parecia incrível como um ataque com tantos jogadores de qualidade não conseguia colocar a bola no gol boliviano. Numa circunstância dessas, um empate já seria ruim. Derrota? Só no pior pesadelo.
Mas foi o que aconteceu. Já aos 45, num lance de escanteio, Pablo Escobar cruzou na cabeça de Rodrigo Ramallo, que completou para a rede. Bolivianos em festa, santistas desesperados. Os 3.660m de altitude não influenciaram, mas o Santos não pode ficar vulnerável desta forma e perder tantas chances como desperdiçou. Se quiser reconquistar a América, o Peixe precisa usar o castigo que tomou no fim como lição.
do Globoesporte

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