As duas sondas de prospecção espacial da missão Grail (acrônimo em inglês para Laboratório de Recuperação de Gravidade e Interior) chegarão no Ano Novo à órbita da Lua, de onde explorarão o interior do satélite, de acordo com a agência espacial americana.
A primeira sonda, a Grail-A, começará a orbitar a Lua às 19h21 de Brasília de 31 de dezembro, seguida pela Grail-B, que fará o mesmo em 1 de janeiro em torno de 22H05 GMT (20H05 de Brasília), informou a Nasa em um comunicado. Elas acionarão seus foguetes para diminuir a velocidade de modo que fiquem submetida à gravidade da Lua a 56 quilômetros da superfície lunar.
"Embora desde a década de 1970 tenhamos enviados mais de uma centena de missões à Lua, inclusive duas nas quais os astronautas caminharam sobre sua superfície, a verdade é que há muitas coisas que não sabemos sobre a Lua", disse em teleconferência de imprensa Maria Zuber, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e pesquisadora-chefe do programa GRAIL.
As duas sondas, que possuem o tamanho de uma máquina de lavar e foram avaliadas em 500 milhões de dólares cada, foram lançadas no dia 10 de setembro. As duas sondas levaram três meses para percorrer os quase quatro milhões de quilômetros que separam a Terra da Lua, sendo que o trajeto normal tripulado leva em torno de três dias para chegar ao satélite. A trajetória maior, além de cortar custos por usar um foguete menos potente, permitiu aos cientistas testar os dispositivos das sondas.
Grail-A e Grail-B traçarão um mapa da gravidade da Lua medindo os efeitos desta força sobre suas trajetórias orbitais. "Entre as muitas coisas que não sabemos sobre a Lua é por que o lado oculto é tão diferente do lado visível", declarou Zuber referindo-se ao hemisfério lunar que não pode ser visto da Terra. "A resposta deve estar no interior da Lua", acrescentou a pesquisadora, explicando que a missão de estudo começará em março e deve durar 82 dias, embora os cientistas tenham pedido à Nasa que a estenda até dezembro.
A missão não está restrita aos cientistas e acadêmicos: cada uma das sondas Grail, impulsionadas por energia solar, está equipada com quatro câmaras que serão operadas por grupos de estudantes de nível médio. "Mais de 2.100 escolas em todo o país se registraram para este programa", comentou Zuber.
A Nasa chamou a missão Grail como "uma viagem ao centro da Lua" já que a medição da força de gravidade permitirá a construção de "mapas" de cem a mil vezes mais precisos sobre o interior de satélite que os obtidos até agora.
Durante a missão, as sondas orbitarão a uma distância, uma da outra, de 200 quilômetros e, segundo os cientistas, as mudanças regionais na gravidade lunar farão com que diminuam ou aumentem levemente sua velocidade. Isto, por sua vez, modificará a distância que as separa e os sinais de rádio transmitidos pelas sondas medirão as variações menores.
Desta forma, os pesquisadores poderão criar mapas do campo de gravidade. Com esses dados, os cientistas poderão deduzir o que há debaixo da superfície lunar com suas montanhas e crateras, e poderiam entender melhor por que o lado oculto da Lua é mais abrupto que o lado visto desde a Terra.
Outro dos mistérios que a missão poderá revelar, segundo Zuber, é se a Terra teve em outro tempo uma segunda lua menor. Há astrônomos que acreditam que algumas das marcas na superfície da Lua são resultado de uma colisão com um satélite menor.
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