Em jogo marcado por confusões dentro e fora de campo, o Vasco derrotou o Bangu por 3 a 1, na tarde desta quarta-feira, e segue com 100% de aproveitamento na Taça Guanabara, primeiro turno do Campeonato Carioca. Debaixo de muito calor, o time cruz-maltino garantiu a terceira vitória seguida com gols de Alecsandro, Thiago Feltri e Bernardo (Tiano descontou) e evitou polêmica com o fato de os jogadores terem se recusado a concentrar por falta de pagamento dos salários. Com o resultado, o Gigante da Colina assumiu o primeiro lugar do Grupo B, com nove pontos, mas pode perder o posto caso o Fluminense vença seu jogo no complemento da rodada. Ainda sem pontuar, o Bangu está em sétimo.
Na arquibancada depois de dois anos sem ficar fora de uma partida, Fernando Prass - que sofreu um corte no joelho contra o Duque de Caxias, no último jogo - sorriu e aplaudiu os colegas. O goleiro também se empolgou com o golaço de falta marcado por Bernardo.No gol de Alecsandro - seu terceiro em três jogos - os jogadores imitaram uma chupeta para homenagear a filha de Diego Souza, que nasceu na manhã desta quarta. Depois desse gesto, o meia, Alecsandro, Dedé e Fellipe Bastos fizeram uma dancinha divertida para comemorar os 22 anos do volante.
Porém, nem tudo foi alegria. Uma confusão fora do estádio teve reflexos dentro dele. Com problemas no esquema de divisão das torcidas, o estádio ficou superlotado do lado do Vasco, mas vazio do lado do Bangu. Com isso, os torcedores que estavam fora tentaram forçar a entrada, mas foram barrados com gás de pimenta e bombas de efeito moral. A quantidade de gás usada foi tão grande, que uma nuvem do produto foi para dentro de campo, fazendo com que o jogo fosse paralisado por cerca de cinco minutos.
Mas a confusão não parou aí. O árbitro André Rodrigo Maia viu pênalti de Thiago Feltri em lance em que Fabinho se desequilibrou sozinho e caiu na área. O lance originou o gol do Bangu e gerou muita revolta entre os vascaínos. Um dos mais irritados era Felipe, que voltou a jogar depois de ficar fora das duas primeiras rodadas por conta de dores no joelho. O meia teve boa atuação.
Os times voltam a campo no próximo domingo, às 17h (de Brasília). Após três jogos fora de sua casa, o Vasco vai reinaugurar São Januário, que passou por reformas no gramado e nas proteções da arquibancada, contra o Friburguense. Já o Bangu vai até Campos enfrentar o Americano.
Pimenta e pênaltis
O jogo começou em ritmo lento. Sentindo os efeitos do calor, os jogadores do Vasco optaram por trocar mais passes e evitar grandes correrias. Até dominaram o início do duelo, rondaram bastante a área do Bangu, mas foi o time da casa que teve a primeira chance perigosa. Bruno Carvalho recebeu na área, bateu cruzado, mas Alessandro fez boa defesa. No rebote, Tiano mandou para fora.
O lance fez o Vasco acelerar um pouco mais o ritmo, principalmente pelos pés de Fagner e Diego Souza. O camisa 10 parecia ansioso por fazer um gol para homenagear a filha. Não conseguiu, mas foi em um lance seu que originou o primeiro - cruzou a bola que bateu na mão de Abílio dentro da área. Alecsandro bateu o pênalti no canto e saiu para comemorar com o amigo. Mão na boca imitando uma chupeta para a pequena Manuela. Mas a comemoração não parou por aí. Fellipe Bastos e Dedé se juntaram à dupla e fizeram um passo criativo, no estilo "break".
O gol animou o time do Vasco, que passou a pressionar e não demorou a fazer o segundo. Felipe deu um lindo passe em profundidade para Fagner, que, ao seu melhor estilo, invadiu a área com velocidade, levantou a cabeça e encontrou dois companheiros em cima da linha de gol. Alecsandro se enrolou com a bola, mas Feltri aproveitou e marcou. Foi o primeiro gol do lateral-esquerdo, que, antes de comemorar, olhou para o assistente, temendo um impedimento - que não houve.
Nesse momento, parte da torcida do Vasco comemorava muito dentro do estádio e parte se revoltava do lado de fora. Com a arquibancada do time visitante lotada, a polícia decidiu fechar os portões e usar gás de pimenta contra os torcedores que tentavam entrar a qualquer custo. Uma nuvem do produto chegou ao campo e afetou os jogadores, paralisando a partida por cerca de cinco minutos e obrigando Tiano a praticamente tomar um banho para superar a irritação. O problema do lado de fora foi resolvido ao abrirem os portões da outra arquibancada, que estava quase vazia, para a torcida do Vasco.
Retomado o jogo, quem pareceu ter sido afetado pelo gás de pimenta foi o árbitro André Rodrigo Maia, que marcou um pênalti inexistente para o Bangu e mostrou cartão amarelo para Thiago Feltri, que não tocou no adversário. Tiano mostrou estar recuperado e bateu com categoria para diminuir a desvantagem.
Apesar do gol, o Vasco seguiu no comando das ações, mas sem se arriscar demais. Na única oportunidade que teve antes do intervalo, Carlos Renan salvou o que seria o terceiro gol. Nilton deu um bom passe na área para Diego Souza, que deu um toque por cima do goleiro. A bola iria entrar, mas o jogador do Bangu apareceu para tirar em cima da linha com a coxa.
Bernardo à la Juninho
O jogo recomeçou do mesmo jeito que terminou, com o Vasco tocando a bola e administrando o resultado, enquanto o Bangu esperava uma oportunidade para surpreender. As chances de gol rarearam, mas a troca de passes cruz-maltina fazia com que o time da casa cometesse faltas. Em uma delas, com a ausência de Juninho, Bernardo se candidatou à cobrança. E fez bonito. Com um chute forte e colocado, o meia fez um golaço e ampliou o marcador.
Com a vantagem conquistada, o Vasco tirou o pé do acelerador e pouco ameaçou o gol do Bangu. Com exceção de um bom passe de Felipe para Alecsandro, que chutou forte para a defesa do goleiro, pouco se viu no segundo tempo. O time da casa parecia sentir o calor tanto quanto os visitantes e não conseguia reagir. O único chute foi em cobrança de falta de Tiano. Alessandro defendeu apenas parcialmente, e a bola bateu na trave. Fagner chegou rápido para mandar a bola para fora e salvou o goleiro, que fez seu primeiro jogo com a camisa do Vasco, com atuação tranquila.
Na arquibancada, os torcedores pouco se empolgavam com o jogo. Sem muito o que ver em campo, os vascaínos se lembraram de que ainda haverá muitas emoções no futebol nesta quarta. O Flamengo enfrenta o Real Potosí-BOL no Engenhão no duelo de volta da fase preliminar da Libertadores. Então, decidiram provocar o rival. Além dos aplausos para o Vasco, ouviu-se um curioso canto: “Ih, é Potosi”.
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