17 de dez. de 2011


O carnavalesco Joãosinho Trinta  faleceu, neste sábado,  aos 78 anos,  no Maranhão, onde há estava internado em um hospital em razão de uma infecção generalizada, após um quadro de pneumonia e infecção urinária. Joãosinho Trinta foi o primeiro - e único - carnavalesco a levar o nome de Mato Grosso para a Marques de Sapucai, em 1994, pela Unidos do Viradouro, escola de samba sediada em Niterói, com o enredo "Tereza de Benguela, uma rainha negra no pantanal". Na época, a escola ficou em terceiro lugar.
 "Teresa de Benguela" marcaria  o retorno de Joãozinho Trinta ao carnaval carioca. Ele havia se afastado das funções de carnavalesco em 1993, mas que, a sua volta ao carnaval, deu a Viradouro uma roupagem nova. E além do mais, a década de 90 não podia deixar passar sem as marcas do gênio.

O carnavalesco descobriu Teresa de Benguela, mas conhecida como Rainha Tereza, para os próprios mato-grossenses. Poucos conheciam a história dessa negra que, durante o século XVIII, articulou um bem montado refúgio dos negros após assumir o comando do quilombo do Quariterê, exercendo grande controle e influência. Este quilombo devido a sua organização sobreviveu por um período considerável.
Valente e guerreira, Rainha Teresa comandou o Quariterê que contava cerca de 3 mil pessoas e crescendo de tal forma que chegou a agregar índios bolivianos e brasileiros, fato que incomodou a Coroa, uma vez que influenciava a luta dos bolivianos e americanos (ingleses e espanhóis) para a passagem de mercadorias e internacionalização da Amazônia.
O  desfile revelava a Sapucaí o mito de uma mulher guerreira. Num desfile envolvente como as notas das violas de cocho que embalam os cancioneiros, a passagem da Viradouro foi “vibrante como as noites de luar nos tempos do Quariterê”.  Especialistas escreveram na ocasião que o samba que moveu a escola – citando Vila Bela, a viola de cocho e também o Estado de Mato Grosso - tinha como força “sua magnífica letra” e também  possuia melodia reta. Foi apontado como um dos melhores sambas da agremiação.
Atualmente, Joãosinho estava no Maranhão atuando em projetos da Secretaria da Cultura para os 400 anos de São Luís, que vão ser comemorados em 2012. Aliás, foi nesta cidade que o carnavalesco nasceu e começou trabalhando como escriturário. Mas a saúde do carnavalesco já não andava bem há algum tempo. No dia 11 de julho de 2006, ele sofreu dois AVC e foi internado no Rio de Janeiro e, depois, transferido para o Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília. Recebeu alta em 19 de outubro de 2006.
Joãosinho Trinta  se mudou para o Rio de Janeiro em 1951 para trabalhar com o que realmente sonhava: o Carnaval. Começou sua carreira no Salgueiro como assistente. Em 1973, foi promovido a carnavalesco e trabalhou ao lado da artista plástica Maria Augusta. Em sua estreia na nova função, Joãosinho colocou na avenida o enredo "Eneida: Amor e Fantasia".
E foi no Salgueiro que ele ganhou o bicampeonato em 1974 e 1975, com os enredos “O Rei de França na Ilha da Assombração” e “O Segredo das minas do Rei Salomão“. Depois, foi contratado pela Beija-Flor, onde conquistou os títulos de 1976, 1977, 1978, 1980 e 1983.
Após 17 anos de muito sucesso na Beija-Flor, o carnavalesco foi para a escola de samba Unidos do Viradouro. Em 1996, sofreu um derrame que paralisou um dos lados de seu corpo. Mas, mesmo assim, Joãosinho Trinta conquistou nesta escola, em 1997, seu último grande título com o enredo “Trevas! Luz! A explosão do Universo“. Em 2003, ele conseguiu o inédito 3° lugar pela Grande Rio.
 Também foi campeão nos Grupos de Acesso com as escolas Império da Tijuca e Acadêmicos da Rocinha, além de ter feito carnavais para escolas de São Paulo.

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